quarta-feira

Alheira



- Viva N. Sra. De Fátima!
- Viva !!!

A imagem da santa, carregada por quatro homens morenos, vestidos de portugueses, descia a rampa devagar. Atrás dela, três senhoras, também vestidas à portuguesa, lançavam pétalas para a Virgem.

Lá na gruta, velas votivas, às dezenas, iluminavam o escurinho com a chama dos seus pedidos, roubando o oxigênio do ar que levava as mensagens pro céu. No pátio, os galhos de uma árvore que já teria muitos anos, protegiam os pastorinhos de Fátima, ajoelhados diante da imagem que contava segredos a seus ouvidos.

Era o último dia da comemoração em Sua homenagem e, mesmo àquela hora da noite, as gentes não paravam de chegar ao espaço grande, com clima familiar.

Rodeada por seus devotos, a Mãe de todos quase completava a volta na quadra. Manto branco e rosário nas mãos, pele alva e olhar tristonho, Ela mantinha um sorriso lindamente coquete no rosto angelical. Tive vontade de ir ter com Ela! Abri caminho com os ombros e, atrapalhando o caminhar da pequena procissão, toquei os seus pés, agradecida.

- Viva N.Sra. de Fátima!
- Vivaaa !!!

A santinha voltou para o seu lugar no altar, me deixando naquela festa que não era minha. Transportada para outras terras, fui até uma das barracas da quermesse com vontade de pedir mais um sabor de Portugal. Olhei praquela gente ainda trabalhando animada e pedi:
- Uma alheira, por favor!


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