quarta-feira

O rapaz era angolano

Minha melhor amiga aluga quartos na sua casa e, para fugir do cheiro de tinta fresca do meu apartamento, pedi abrigo a ela. O único lugar vago era uma cama no quarto de um rapaz angolano. Decidi aceitar.

Cheguei à noite, no final de um dia paulistano de trabalho, no meio da chuva, com minha malinha. De um dos quartos saiu Ziad, um libanês de olhos intensos, cabelo raspado e cavanhaque preto. Tentei puxar conversa com ele, conhecer a sua cultura e os motivos que o trouxeram ao Brasil, mas ele ficou desconfiado, falando em evasivas. Quando Luiz, o namorado da minha amiga chegou, Ziad abaixou a guarda e ficamos os quatro tomando vinho tinto e descobrindo os segredos do babaganuch e da verdadeira culinária libanesa. Em sua homenagem assistimos "A Noiva Síria", um dos três dvds alugados para a noite. Depois da diversão, o cansaço chegou.
No andar de baixo, arrumei a cama de baixo do beliche e, assim que liguei o chuveiro, percebi pelo ruído da porta se abrindo, que o dono do quarto tinha chegado. Quando saí, ele estava sentado na cama, sem camisa e de bermuda. Apesar do frio. Mas era eu a intrusa em seu universo e devia explicações.

- Me desculpe aparecer assim, mas vou dormir aqui esta noite, é que estão pintando a minha casa. Espero que você não se incomode. Não se preocupe que eu não ronco, nem falo dormindo, você nem vai perceber que eu estou aqui.

Achei o seu porte físico pequeno para um africano. Sempre imaginei os homens de lá grandes e fortes. Mas o Denery (era esse  o seu nome) parecia um menino com seu sorriso permanente e aparelho nos dentes. Eu já estava vestindo o meu pijaminha listrado, pronta para ler um pouco antes de dormir, mas me senti na obrigação de ser gentil.

(a ser continuada)

1 Comentários:

Blogger Cristine Z. Alonso disse...

continue logo, pls!

5 de janeiro de 2010 às 20:21  

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